sábado, 16 de maio de 2009

ORIGENS DO FUNK

“Hello Crazy People”, dizia o DJ (Disc Jóquei) Big Boy, iniciando os bailes. Diversos ritmos se tocavam como o Blues, o Eletro e o Miami Bass. Assim, o Funk carioca se desenvolveu através de um processo de apropriação, tendo inicialmente em seus bailes músicas estrangeiras que eram “parodiadas” com refrões em português, como forma de diversão. Até que se passou a utilizar uma bateria eletrônica, presente do pesquisador Hermano Viana ao DJ Marlboro e as bases eletrônicas passaram a ser feitas no Brasil. Foi quando o Funk veio com aquele baixo pesadão, o “batidão”, lembrando o surdo da bateria do samba, e o ritmo se firmou. As primeiras letras feitas sobre bases eletrônicas fizeram grande sucesso e foram aos poucos incorporando o Rap (Rythm and poetry), as críticas sociais e passando a ser um veículo de comunicação entre os jovens.

Destacou-se no caldeirão cultural carioca por sua capacidade de romper barreiras sociais e econômicas, em clima de festividade e alegria. “O Funk é uma resposta cínica dos Jovens a uma sociedade sem projetos.” Carlos Alberto da Silva. O GLOBO. O medo do Funk. Rio de Janeiro, 02/07/1995.


Do Blues ao Funk americano

O Funk americano nasceu do Blues, datado do início do século XX que se moderniza e origina o Rhythm and Blues. Em meados de 1960, o Soul torna-se sinônimo de Black Music considerado comercial por músicos negros devido ao consumo excessivo, sobretudo pela população branca. Surge James Brown (1933-2006) com o Funk- arranjos mais agressivos e ritmo mais pesado.

Do Funk ao Hip-Hop

O Funk carioca de hoje sofre grande influência do Hip Hop americano, cujas origens remontam à década de 60 quando, no Bronx, bairro popular de Nova York, o DJ jamaicano Kool-Herc (1955) trazia as festas para as ruas misturando as batidas do Soul e do Funk. Em meados da década de 80, o Hip-Hop que se construía sobre os ritmos do Funk, usando predominantemente as bases e os graves, se encontra com a música eletrônica alemã. O DJ norte americano Afrikaa Bambaataa (1957) e Arthur Baker (1955) passam a mostrar um Hip-Hop diferente que abusa dos instrumentos eletrônicos sobre as bases Funk.

O Scratch – mudança de velocidade na rotação do disco, criando novos arranjos para as músicas, ou ainda arranhar o vinil em sentido anti-horário utilizando as agulhas do toca-discos como instrumento musical. (DJ Grandmasterflash)

Os B-boys – novo estilo de se vestir usando roupas esportivas (nike, adidas, fila), confortáveis para a prática da dança com muito movimento. O

Grafite – novo estilo de expressão e arte em espaços públicos.

Big Boy

Surgem nos anos 70, no cenário carioca, os primeiros bailes chamados "Bailes da Pesada".

Organizados pelo discotecário Ademir Lemos (1946-1998) e o radialista Big Boy (1943-1977).

Vários estilos eram tocados, dentre eles, o Funk.

Gradualmente, o Soul e o Funk foram dominando as

pistas dos Bailes – por terem um ritmo mais marcado e, logo, mais apropriado para a dança – e muitas equipes de som investiram em equipamentos modernos e despontaram no cenário da época.
Dentre elas, Furacão 2000, Pipo’s, Soul Grand Prix, Som Grand Rio, Curtisom, Cashbox e outras.



"Uh! Terêrê"

Em meados da década de 80 começa a adaptação do Hip-Hop, e mais especificamente, do Miami Bass caracterizado por suas batidas fortes.

As letras em inglês não compreendidas pelo público, passaram a ganhar versões em português de acordo com sua sonoridade.

Tais como, a "Melô do Tomate" (Run DMC, You Talk Too Much, 1985) e "Uh! Terêrê" (Tag Team, whoomp!, there it is!, 1993).

Os bailes passam a ser realizados em clubes fixos sob responsabilidade das equipes de som, assim como, o local da apresentação, segurança, som, luzes, ingressos e etc.

Fernando Luis Mattos da Matta, o DJ Malboro ( nasc. ) destaca-se no processo de adaptação/criação do Hip-Hop e do Funk carioca através de uma bateria eletrônica que possibilita a criação de novas batidas e ritmos.


Surge o Funk Carioca


O primeiro disco de Funk produzido no Rio de Janeiro foi o “Funk Brasil 1”(1989) pelo DJ Malboro auxiliado por Abdula ( nasc./ morte)e MC Batata (nasc./morte).
O “Funk Brasil 1” apesar de desconhecido pela mídia, vendeu 250.000 cópias abrindo as portas para um novo mercado de MC’s e DJ’s cariocas.
As letras, inicialmente, tratam de brincadeira e “zoação”. No início da década de 90, surge o Funk Melody nacional, cujas letras são mais suaves e tratam de amor e relacionamentos.
E, o Funk carioca traz uma nova vertente onde incorporam-se o Rap e as críticas de teor social. Sendo assim, um meio de expressão e afirmação da identidade de uma parcela da população que vive as margens da sociedade.


Nenhum comentário:

Postar um comentário